Marcos
Coimbra
Faz tempo que, na política, não temos um caso tão estranho como esse da CPI
do Cachoeira. Quanto mais se leem os jornais, menos se compreende o que está
acontecendo.
Dão voltas extraordinárias.
Não faz mais que dias, a CPI era apresentada como fruto exclusivo das
movimentações dos partidos governistas.
Como em um passe de mágica, no
entanto, na foto dos congressistas saudando a coleta do número suficiente de
assinaturas para instalá-la, só havia figuras da oposição. E todas sorriam, com
cara de quem celebrava uma vitória.
Primeiro, diziam que PT e PMDB estavam unidos na disposição de viabilizá-la.
Atualmente, o que se lê é que o PMDB foge da CPI. Que pretende, mantendo-se
distante, garantir-se como aliado de Dilma (estaria, por acaso, arriscado a
perder essa condição?).
Em um esforço de imaginação, pintam agora um quadro em o PMDB teria decidido
permanecer na espreita, apostando no “desgaste do PT” (?) junto à presidente,
para assim “aparecer como salvador da Pátria”. Que suas principais lideranças
planejam carimbar a CPI como “invenção do PT”.
Por que precisariam fazê-lo? Não foi o próprio Lula quem, pessoalmente, pôs a
Comissão em marcha?
Passaram dias apregoando que o PT tinha entrado em pânico e estudava a melhor
opção para se desembaraçar dela. Na hora em que os votos da bancada foram
contados, o que se viu foi que a endossava por unanimidade.
Quem procura entender o caso recorrendo à leitura de alguns colunistas
famosos fica perplexo. Chegam a caracterizar a CPI como uma espécie de
apocalipse petista, sua “hora da verdade”, o momento em que se defrontará com
tudo que evitou em sua história.
Afinal, a CPI é a “cortina de fumaça” que o lulopetismo inventou para
esconder os malfeitos do mensalão - como estampou, na capa, a revista Veja -, ou
o Dia do Julgamento Final para o PT?
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox
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