quinta-feira, 12 de julho de 2012

Educação é estratégica para o governo?

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Greve nas Universidades Federais refletem políticas salariais desiguais no setor público, sobrecarga de trabalho, ambientes precários e salas superlotadas

12/07/2012

Pedro Rafael Ferreira,
de Brasília (DF)


   
   
Servidores federais reclamam de política salarial e da
precarização do ensino público superior - Foto: Antonio Cruz/ABr
A greve nas Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) já está sendo considerada a maior de todos os tempos. Em 58 das 59 instituições espalhadas pelo país, entre universidades federais e institutos técnicos de educação, os professores pararam. O movimento, que começou em maio e já supera os 50 dias, foi ganhando a adesão de estudantes e técnicos administrativos em pelo menos 31 instituições.
Com as negociações congeladas pelo governo, que informou que só voltará à mesa depois de 31 de julho, professores buscam resposta para entender o pouco interesse em enfrentar o problema. “No caso das universidades, a raiz dessa greve é reflexo de uma política salarial do setor público com tratamento desigual, fato que criou um nó difícil de resolver”, explica Sadi dal Rosso, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB).
Para Sadi, a insatisfação da categoria tem origem na reforma administrativa executada no fim dos anos 1990 pelo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Naquele momento, foram estabelecidas as atividades típicas de Estado, como a constituição dos aparato repressivo, jurídico, de planejamento e de coleta de impostos”, diz. Educação, saúde, reforma agrária foram deixadas de lado. “Além de terem categorias de servidores muito grandes, essas áreas foram sendo desenvolvidas pelo setor privado com estímulo do próprio Estado. O problema é que isso foi feito em detrimento da população porque as pessoas não tem dinheiro para acessar boa educação, boa saúde e terra para trabalhar. Há uma frente empresarial investindo em educação, saúde e produção agrícola em um jogo muito pesado”, completa.
Mesmo no governo Lula, apesar do aumento nos investimentos em infraestrutura das universidades e expansão do acesso ao ensino superior, alguns dilemas permanecem. Na Universidade Federal Fluminense (UFF), por exemplo, onde leciona a professora Sônia Lucia, diretora do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), o crescimento aprofundou problemas de precarização. “Na UFF, tínhamos dois mil professores para 2,1 mil alunos, em 2006. Agora, em 2012, são 2,9 mil docentes para 44,5 mil alunos. Isso gera sobrecarga de trabalho, ambientes precários, salas superlotadas, improvisação de espaços em contêiner etc”.

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