terça-feira, 26 de junho de 2012

Manifestação de servidores em greve na UFMG termina em tumulto com alunos da Medicina


http://www.em.com.br Uma das principais avaliações finais dos futuros médicos precisou ser cancelada devido à ocupação dos grevistas no prédio da faculdade

Publicação: 26/06/2012 19:12 Atualização: 26/06/2012 19:31
A manhã desta terça-feira foi marcada por tumulto na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Uma ação dos servidores que estão em greve comprometeu a realização da Avaliação Objetiva e Estruturada de Desempenho Clinico (OSCE), aplicada a cerca de 90 alunos formandos, que precisou ser cancelada.

A OSCE é uma simulação de um atendimento médico real e é aplicada aos alunos do 10º ao 12º períodos. Para que ela seja realizada é preciso a participação de voluntários, manequins e bonecos para simular pacientes. Habitualmente, os servidores da unidade são convidados a participar, mas, em função da greve, os professores convocaram residentes e alunos calorouros para garantir a realização do exame. No entanto, no horário previsto os grevistas realizaram uma ocupação no corredor das salas onde a prova era aplicada.

“Os servidores entraram nesse corredor, fazendo a maior arruaça, promovendo apitaço, sendo que a gente precisa de silêncio. Sem contar que a prova é toda cronometrada. Não satisfeitos com o barulho, os grevistas começaram a arrancar as provas, que ficam fixadas nas portas das salas”, relata a aluna do 12º período, Raquel Bretas, de 25 anos. Segundo a estudante, os professores, percebendo que a continuidade do exame estava comprometida, decidiram pelo cancelamento. “Nós deixamos o prédio e na porta da faculdade os grevistas começaram a insultar os professores e a nós alunos. Até sairmos do corredor não fizemos nada. Mas depois das agressões verbais os alunos começaram a vaiar os grevistas e a rasgar os cartazes da greve”, conta Raquel. "Sabemos que a greve é legítima. Nosso dia a dia ficou muito mais corrido depois da paralisação, mas respeitamos o movimento. Só não podemos ser lesados como ocorreu hoje", acrescentou.

O Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes), por meio de nota divulgada em seu site, informou que a ocupação pacífica do prédio já estava prevista e tinha como objetivo “abrir um espaço de diálogo, chamando a atenção dos docentes e discentes para a discussão da pauta de reivindicações do movimento grevista”. Cerca de 200 servidores do corpo técnico-administrativo participaram da ocupação. Segundo a entidade, o ato durou aproximadamente meia hora.

O Sindifes afirmou no comunicado que “um grupo de alunos não entendeu o movimento e em um momento impensado rasgaram os cartazes e faixas da greve. Esta atitude foi veementemente repudiada pelos trabalhadores, pois a manifestação foi pacífica e em nenhum momento procurou entrar em conflito com os demais segmentos”. 

De acordo com a assessoria de comunicação da Faculdade de Medicina, apenas a OSCE do internato de Pediatria, marcada para as 8h, foi cancelada e ainda não foi definida a nova data de sua realização. À tarde, o exame foi realizado normalmente para as turmas do Internato em Urgência e Traumatologia e do Internato em Ginecologia e Obstetrícia. Para esta quarta-feira está mantida a aplicação da OSCE para as turmas do Internato em Clínica Médica e do Internato em Cirurgia.

Segundo o Sindifes, na quinta-feira será realizado um Ato Unificado dos servidores em greve às 11h, em frente ao Banco Central, na Avenida Álvares Cabral, Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Em adesão à greve nacional, os servidores federais da área administrativa da UFMG reivindicam alterações na jornada de trabalho, melhorias das condições de trabalho e plano de carreira. Não há pedido de aumento salarial ou revisão de benefícios.

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